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Manifesto do Fórum Gaúcho de Economia Popular Solidária

FRENTE AO ANÚNCIO DE TRANSFERÊNCIA DA IRMÃ LOURDES DILL

Foi com surpresa, mas também com indignação que recebemos no início desta semana a informação da transferência da Irmã Lourdes Dill, de Santa Maria, para o estado do Maranhão. Por esta razão, em reunião extraordinária, o Fórum Gaúcho de Economia Popular Solidária do Rio Grande do Sul, do qual o Projeto Esperança/Cooesperança faz parte, refletiu sobre a situação e deliberou pela manifestação pública. Destacamos que fazem parte do Fórum Gaúcho de Ecosol, inúmeros empreendimentos, grupos e redes, idealizados por projetos locais, cursos de formação e qualificação, entre os quais os Projetos Alternativos Comunitários, originados no âmbito da Igreja Católica. Este fórum está falando de uma mulher, religiosa e engajada, a quem conhece de longa data. Este manifesto se dirige ao movimento da Ecosol, à sociedade em geral e, particularmente à Igreja local.

MULHER DE ORIGEM HUMILDE, RELIGIOSA COM ENGAJAMENTO SOCIAL

Irmã Lourdes Maria Staudt Dill, nascida em 1951 está com 70 anos de idade. Ela é natural de São Paulo das Missões, no RS e ingressou na Congregação das Filhas do Amor Divino em 1969. É uma religiosa engajada nas causas sociais, corajosa e de posicionamentos firmes que reconhece que isto lhe foi deixado de herança por seus pais agricultores familiares, Silvinus e Emelda, profundamente religiosos, que a educaram, acima de tudo, na fé. Também é desta educação, embasada em valores éticos, cristãos e morais, que ela carrega o exemplo do engajamento e da participação comunitária. Em sua caminhada na vida religiosa, já deixou marcas por muitos rincões pois viveu e trabalhou em Cerro largo, Santo Cristo, Porto Alegre, Campo Mourão entre outros lugares. Irmã Lourdes construiu, por onde passou, uma Igreja viva, que semeou inúmeras sementes e transformações, através da solidariedade e da organização coletiva.

CONSTRUTORA DE UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL: REFERÊNCIA LOCAL, NACIONAL E INTERNACIONAL

Sem nunca descuidar do espaço local, de onde nunca arredou o pé, das relações e dos valores comunitários que a cativaram, que ganharam o seu coração e determinaram a sua missão, o Projeto Esperança/Cooesperança, com apoio da Irmã Lourdes, tornou-se uma referência local, nacional e internacional da Economia Popular Solidária. Assim, vem dedicando a sua vida, tal qual o “ar que respira”, à promoção da vida de outras pessoas, não na forma assistencialista que ameniza, mas não transforma a vida das mesmas, mas através da organização delas em empreendimentos e redes econômicas solidárias. Como não cansa de repetir, como mantra e como prática cotidiana, “muitas pessoas pequenas, em muitos lugares pequenos mudarão a face da terra”. Sua atuação é de promoção da participação e de construção de sujeitos coletivos.

UMA CIDADÃ CONSTRUTORA DE DIÁLOGOS, DE PONTES ENTRE AS PESSOAS:

Não somente por sua inspiração cristã, ou pelo fato de ser consagrada à vida religiosa, mas por sua visão de mundo na qual prevalece a criação de pontes entre as pessoas, ela nunca semeou o ódio, a divisão, a segregação, ou a separar “os de lá e os de cá”. Ao contrário, aproximou lideranças políticas, de diferentes instituições, que pensavam e pensam diferente e as uniu para a realização de uma causa maior, o bem comum. Agindo assim, por convicção profunda, construiu uma ampla rede de entidade e instituições, como a prefeitura em suas sucessivas gestões, legislativo municipal, instituições de ensino, principalmente a Universidade Federal de Santa Maria e o Instituto Federal Farroupilha, a Cáritas Regional, entre tantas outras de âmbito local, regional e nacional.

UMA MULHER, RELIGIOSA, ENGAJADA QUE SE QUALIFICOU PARA FORTALECER AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS POPULARES

Ir Lourdes cursou a faculdade de economia doméstica, especialização em movimentos sociais, organização popular e democracia participativa, cooperativismo, economia solidária, teologia, entre outras inúmeras qualificações. Mas não o fez para enriquecer seu currículo ou por puro ego intelectual e sim para se colocar a serviço do povo, com maiores conhecimentos.

UMA MULHER QUE ENCORAJA, APOIA E CAMINHA JUNTO

Ao longo de sua vida, alimenta sonhos, encoraja as pessoas e trilha um caminho de construção coletiva. Assim nasceu o Feirão Colonial e a Feira Internacional do Cooperativismo e Economia Solidária (FEICOOP), entre tantas outras iniciativas. Também cumpriu importante papel animando e apoiando os catadores em sua organização, o Levante Popular da Juventude, organizações agroecológicas entre outras.

Assim, vivenciando a Igreja viva, ela caminha junto a centenas de pessoas que se colocaram em marcha, em construção do Movimento da Economia Solidária, um movimento pensado, escrito, construído e sustentado por muitas mãos, em Santa Maria, no estado, no Brasil e outros países.

ELA AJUDOU A LEVAR SANTA MARIA PARA O MUNDO E TRAZER O MUNDO PARA SANTA MARIA

Com seu engajamento, convicção e capacidade de articulação e de diálogo, Irmã Lourdes levou a experiência das iniciativas de Santa Maria para o mundo e trouxe o mundo para Santa Maria. Através de sua incansável atuação, em seminários, congressos, assembleias, sempre levou a Economia Solidária como pauta, não teórica, mas vivencial, arraigada à sua vida, ao seu dia a dia, sendo que esta forma de ser, de agir e de viver resultou em amplo reconhecimento do que acontecia neste município gaúcho, transformando-o em capital internacional da Economia Solidária, o que também angariou apoios para ampliar as ações lá existentes.

MOBILIZADORA PERMANENTE DA SOLIDARIEDADE

Nestes tempos de pandemia, soube sensibilizar, como sempre faz, e mobilizar inúmeras parcerias para amenizar os sofrimentos desencadeados, pela pandemia da Covid 19, principalmente o combate à fome.

ESTA MULHER MERECE RESPEITO!

Por esta razão, o Fórum Gaúcho de Ecosol, vem de público trazer as seguintes considerações:

Em primeiro lugar, queremos deixar claro, que compreendemos e respeitamos os processos internos das instituições, neste caso, religiosa.

Porém, nos surpreendeu sobremaneira a forma, a rapidez e, em certa medida a desconsideração com os impactos desta decisão, pois a Irmã Lourdes Dill, por tudo o que foi exposto antes, não a representa tão somente, mas representa um projeto, um movimento social, ou seja, o Movimento da Economia Solidária.

Neste sentido, uma decisão desta, deveria ser construída com este movimento social, com seus pares, especialmente no âmbito local. Ao contrário, uma decisão posta assim sobre a mesa, sem diálogo, sem construção coletiva, sem processo, caracteriza, ao contrário do que está sendo dito, falta de reconhecimento do papel, do valor, do tamanho do legado da Irmã Lourdes e deste movimento social, e também de valorização do coletivo que está à sua volta, este coletivo formado por dezenas de pessoas, famílias e instituições, parceiras de décadas.

Também precisamos resgatar que Dom Helder Câmara, Dom Ivo Lorscheiter tiveram papel central no impulsionamento de inúmeras iniciativas que abriram caminhos para o que hoje chamamos de Economia Solidária. De outro lado, nos fortalece também a postura do Papa Francisco, em seu diálogo com os movimentos sociais e a recente convocação da juventude, para pensar e pôr em prática outra economia, a Economia de Francisco, inspirada também na Economia Solidária.

UMA QUESTÃO DE AMOR E DE RESPEITO

Irmã Lourdes é amor, solidariedade, empatia e diálogo. É patrimônio das boas lutas e semeadora de esperança. Plantou e planta todos os dias, cuidado e respeito à todas as ideias e pessoas, porque é a favor da vida e da construção de um mundo melhor! Esse ser humano amoroso merece respeito, escuta e valorização. Sua transferência aos 70 anos machuca a todos e todas que a amam e admiram sua alma generosa e inspiradora. Nos permitam sentir e reivindicar seu bem-estar. Ela que já fez tanto merece, para além de nossa gratidão, nossa luta por sua saúde e permanência junto dos seus.

Diante disto este manifesto solicita um diálogo com a Congregação das Irmãs Filhas do Amor Divino.

FÓRUM GAÚCHO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

FÓRUM BRASILEIRO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

FÓRUM DE ECONOMIA SOLIDARIA DO RIO DE JANEIRO / FCP

FÓRUM PAULISTA DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

FÓRUM MINEIRO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

FÓRUM DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DO MARANHÃO

CÁRITAS BRASILEIRA REGIONAL DO RIO GRANDE DO SUL / CÁRITAS RS

ASSOCIAÇÃO DO VOLUNTARIADO E DA SOLIDARIEDADE / AVESOL

FUNDAÇÃO LUTERANA DE DIACONIA/FLD

CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS DO RS – UNISOL/RS

REDE ITCP RS

GUAYÍ – DEMOCRACIA, PARTICIPAÇÃO E SOLIDARIEDADE

REDE DE ECONOMIA SOLIDÁRIA E FEMINISTA

REDE IDEIA MOVIMENTOS DOS CATADORES

PROJETO ESPERANÇA/COOESPERANÇA

PROGRAMA DE FOMENTO À ECONOMIA SOLIDÁRIA DA UFSM

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

MOVIMENTO ATINGIDOS POR BARRAGENS

CEDAC CENTRO DE AÇAO COMUNITARIA RIO DE JANEIRO

CENTRO DE ASSESSORIA MULTIPROFISSIONAL

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PESQUISA REDE DE GESTORES

CONSEA DO RIO GRANDE DO SUL

CONSEA DE SANTA MARIA

CONSEA DO RIO DE JANEIRO

FRENTE PARLAMENTAR EM DEFESA DA ECONOMIA SOLIDÁRIA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RS

FRENTE PARLAMENTAR MUNICIPAL DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

FRENTE PARLAMENTAR DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FRENTE PARLAMENTAR NACIONAL DE ECONOMIA

COOPERATIVA UNIVENS

COOPERATIVA CENTRAL JUSTA TRAMA

COOPERATIVA DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DA CAVALHADA – ASCAT

UNIÃO NACIONAL DE CATADORES E CATADORAS DE MATERIAIS RECICLÁVEIS – UNICATADORES

COOPERATIVA DE TRABALHO DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS REUTILIZÁVEIS VISÃO PIONEIRA DE ICOARACI / COCAVIP

REDE DE ECONOMIA SOLIDÁRIA RECICLA PARÁ

RECOMSOL- REDE DE COOPERAÇÃO MÃOS SOLIDÁRIAS

FÓRUM PARAENSE DE ECONOMIA POPULAR SOLIDÁRIA

#DEIXEMIRMÃLOURDESFICAR

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Cultura e Economia Solidária – Tecendo Redes pelo Direito à Cidade no Quilombo do Sopapo

Mostra Cultural projeto Cultura e Economia Solidária – Tecendo Redes pelo Direito à Cidade, com apresentação dos trabalhos das quatro oficinas socioculturais que ocorreram neste segundo semestre. Oficina de máscaras dirigida prioritariamente a o publico LGBTQIA+ com encontros no Quilombo do Sopapo. Oficina de fotografia pinhole com turmas no Quilombo do Sopapo e na FASE. Oficina de contação de Histórias e Radio Teatro que teve seus encontros na Escola Loureiro da Silva, para turmas noturnas do EJA e a oficina de produção audiovisual, que também tiveram seus encontros nas manhãs na escola Loureiro para turmas de nono ano.